Avanço da agricultura na América Latina motiva expansão de investimentos em irrigação

Com apenas 10% de área cultivada irrigada, a América Latina é a aposta de expansão no mercado de irrigação nos próximos anos. De um total de 175,8 milhões de hectares cultivados, apenas 18 milhões de hectares têm equipamentos de irrigação instalados, índice abaixo dos 19% da média mundial.

Segundo apresentação realizada pelo consultor em agronegócios Carlos Cogo a executivos e parceiros do Banco DLL em conferência com participantes em Porto Alegre (RS), São Paulo (SP), Cidade do México (México), Santiago (Chile) e Buenos Aires (Argentina), há potencial expressivo principalmente para equipamentos de aspersão voltados ao cultivo de grãos (soja, milho e trigo) e fruticultura.

O movimento está alicerçado no avanço das áreas agrícolas no Brasil, Paraguai, Uruguai, Argentina e México. Só na Argentina, informa o consultor, há 6,2 milhões de hectares a serem explorados. No Brasil – país que está entre os dez com maior área irrigada no planeta - há potencial para irrigação em 61 milhões de hectares.

“Isso representa dez vezes mais do que a área irrigada atualmente e refere-se a regiões já mapeadas por órgãos federais”, frisou. Segundo ele, o maior potencial está no Centro-Oeste.

Contudo, a expansão tanto no Brasil, quanto nos demais países da América Latina, esbarra em questões culturais. “A preocupação primeira dos produtores ainda é com produtividade, seguida da aquisição de terras e arrendamento. Por último, vêm irrigação e armazenagem.

É contraditório, mostra que ainda há falta de consciência”. Outro gargalo, cita ele, é a falta de mão de obra qualificada para lidar com equipamentos cada vez mais modernos e o baixo acesso à internet para funcionamento de itens inteligentes, e que, comprovadamente, elevam o resultado das lavouras.

“Hoje, apenas 0,88% da área rural brasileira tem acesso à banda larga. No Uruguai, a cobertura é de 90%”. Atualmente, há 6,1 milhões de hectares irrigados no Brasil, território que vem apresentando crescimento entre 4,4% e 7,3% ao ano desde 1960. O pivô central, explicou Cogo, ainda é o sistema mais utilizado.

Nos últimos 15 anos, o Brasil expandiu sua área irrigada em 2,27 milhões de hectares, ampliação de 60%. Maior parte dessa expansão deve-se, principalmente, ao uso de equipamentos de gotejamento e de aspersão por pivô central.

O interesse no mercado de financiamento de equipamentos de irrigação recebe atenção do banco holandês, que opera no Brasil por meio de bancos de fábrica das principais indústrias do segmento.

Em breve, explica o gerente comercial do DLL, Eduardo Luis Thomé, a pretensão é expandir a oferta de crédito para outros países a fim de ampliar negócios na América Latina, inclusive de fabricantes que já são parceiros do banco no Brasil e têm potencial para fomentar negócios no exterior. “O DLL está acompanhando de perto essas oportunidades junto aos nossos parceiros e prospectando novas possibilidades nos países vizinhos”.